2009-06-22

FOi no que DEU! 004

















Coluna deslocada
ou o que é aquele botão verde piscando de forma intermitente?…

por Fábio “Blablonski” Martins

Conversava com uma pessoa certa vez. Uma pessoa que considero e com quem trato de certas coisas que deveriam ser fundamentais. Ela falou sobre a palestra de um filósofo. Um cara que alertava para a crescente insensibilidade… a necessidade crescente de mais informação, mais velocidade, mais explosões e da compressão do tempo. Como falar da pessoa com quem conversei geraria um texto enorme e inconclusivo, vamos ao resto… a forma de ver o mundo, entender as coisas e experimentar. Vamos ver no que dá (sem trocadilhos com o nome desta publicação).

A realidade é maior que tudo (?!?). Ela pode uma vez ter sido menor que a cabeça de um alfinete, mas sempre ela foi o todo. E ainda assim, ela devia ser mesmo maior que a complicada idéia do que poderia existir ou não-existir além dela.

O que podemos ter são recortes da realidade. Não podemos (ou não conseguimos) entender algo que não tem limites, fim. Por vezes, o requadro pode ser então mais importante que um conteúdo.

Não consigo pensar em recorte e não pensar em imagens ou fotos. Algum pintor (e sempre me falta a referência…parece que foi Delacroix) afirmou que aquilo que está retratado em uma pintura deveria ser melhor ou mais interessante do que aquilo que ficou de fora. Como se capturando a paisagem/realidade, fosse possível determinar algo definitivo… ou como um fotógrafo (Cartier Bresson. Bresson!) que captava o momento definitivo.

Acho que tudo na vida vale a pena. E não vou cair nessa de falar sobre uma supracitada alma que não seria pequena… Acho que as coisas são válidas. Todas. A questão é saber a magnitude e lugar de cada uma. Como um fotógrafo que com um olhar pertinente é capaz de enquadrar o que estava disponível a todos, mas com a composição necessária para sobressaltar uma visão. Estabelecer figura e fundo. Mostrar o que estava escondido no que estava exposto a qualquer um. Daí, pegar uma trocadilho visual, uma sacação,… algo que faz sentido e surpreende. Faz pensar. Faz quem observa querer estar lá… ou ter a visão do fotógrafo.

As pessoas se acostumam demais. Elas se acostumam com as informações e condições com que as informações chegam a elas. O nível de velocidade oferecido antes já não basta… os filmes precisam de mais ação… os alimentos precisam de mais sabor… tudo precisa ser mais… as pessoas é que não se esforçam pra ser mais. Ou entender o menos.

Ainda falando de filmes… pensando a construção das histórias… boa parte delas dentro do molde padronizado começa com a idéia do fim. Seria preciso saber o fim da história para então guiar uma narrativa que leva a um clímax. Ao contrário da nossa vida, (a maioria d)os filmes e narrativas atuais teriam um sentido, um fechamento. Na verdade, nossa vida até teria sentido… mas leva mais tempo e nossa memória não deve ser tão boa. Ela deve ter sentido, mas seria preciso saber enxergar e alinhar os eventos corretos e saber pesar cada um deles. Ou seria preciso saber olhar os diferentes pontos de vista. Deve ser por isso que a vida parece tantas vezes injusta… deve ser algo que se compensa ou se ajusta a longo prazo. Seja como for, entender e viver bem são uma questão de competência. Por mais que o universo seja imensamente grande e potencialmente infinito (ou tem infinitos finais), ainda acho que seja um sistema fechado e que tudo interage,… todos os elementos atuam sobre os demais (ta, a idéia já deve ter sido formulada/postulada por algum físico… eu é que não me dedico muito na leitura sobre física quântica).

(Se existe Deus, ele tem certamente senso de humor. Ele deve ser o comediante e a platéia ao mesmo tempo.)

Outra coisa. Li um breve texto (esse sei de quem é, mas não é a parte importante) que dizia ser impossível escrever o genoma em um guardanapo… o que pode ser apenas o sinal de falta de criatividade da criatura que escreveu. Se o genoma cabe em um espaço tão pequeno e tantas vezes em uma célula… como não caberia em um pedaço de papel tão generoso? Poderia ser uma questão de achar a linguagem adequada… Uma pessoa habilidosa o bastante… E alguém que queira efetivamente escrever o genoma humano em um guardanapo.

Pensando em retratar. Em conter informação em espaços limitados…

3X4

Como é complicado tirar um foto 3X4. Não adianta acordar disposto e fazer o caminho numa boa com tudo em dia e se colocar em posição… a pessoa que opera a máquina fotográfica vai dizer mais pro lado… mais pra trás,… levanta o queixo… tudo com certa pressa e desinteresse. Uma foto 3X4 (ou qualquer foto) deveria ser tirada por alguém que amamos e nos ama. Seria um circuito. Toda a disposição e boa vontade em ambas as extremidades do processo. O único perigo seria das pessoas se apaixonarem ao ver a foto.


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